sábado, 9 de fevereiro de 2013

Subcultura Gótica 2

Aqui vou dar continuação ao tema anterior mas mostrando os diversificados estilos dentro da subcultura gótica e postar imagens demonstrativas.
Obs:Os tipos abaixo são quase "abstrações puras" que praticamente não existem isoladas. Estão ordenadas assim apenas para finalidade didática. Afinal duas das grandes diversões na cena Gótica são: primeiro, misturar elementos de tendências diferentes 
e segundo, ficar identificando as combinações que os outros fazem. As variantes misturando os tipos abaixo dão margem a uma infinidade de tipos diversos.
Os tipos básicos:

a) Gótico Clássico: O visual é inspirado pelo do it yourself do pos-punk e new wave, tendo como modelos variantes do visual usado ao longo dos anos 80 por bandas como The Cure, Bauhaus, Siouxsie and The Banshees e similares. 
Os itens mais característicos são as maquiagens marcadas e os cabelos armados, e os visuais com sobreposições e com influência em parte New Romantic, em parte Pos-Punk/New Wave. 
b) Victorian Gothic ou Gótico Romântico - Apesar do visual do Gótico Pos-Punk/New Wave incluir alguns ítens pseudo-vitorianos herdados dos new-românticos, o Gótico Vitoriano se concentra em visuais que de alguma forma buscam fazer um estilo de época, seja uma época passada ou um futuro "neo-vitoriano". Pode ser, portanto, uma reconstrução de um visual novecentista, ou um visual misturando elementos pseudo-vitorianos a elementos e materiais futuristas como latex e couro ou itens S/M.
c) Coldwave/Darkwave Gothic - Geralmente um visual quase todo preto, mas bem mais discreto, com menos maquiagem ou sem nenhuma. 
d) Cyber Góticos: É um visual baseado em restos industriais, que podem incluir elementos de neon, pseudo implantes cibernéticos e máscaras de gás. Se parece às vezes com um visual deathrock com elementos futuristas. São comuns os apliques e extensões nos cabelos em cor, mas a cor de base ainda é o preto. 
e) Deathrock Góticos - Alguns consideram hoje o Deathrock uma subcultura a parte, mas no mínimo temos muitas bandas e Góticos de tendência próxima ao Deathrock. O visual seria o Gótico Clássico ou Pos-Punk levado aos extremos de sobreposição de texturas e exageros, com sobreposição de tecidos e meias rasgadas ou reutilizados, maquiagens mais agressivas ou surreais. O clima circense/teatral é levado as últimas conseqüências.
f) Medieval ou Ethereal - É um visual mais usado pelas mulheres, sendo uma variante romântica mas que escapa do clima de luto do estilo Vitoriano. Podemos ter visuais medievais recriados ou simulações de ninfa ou fadas que incluem elementos de várias cores e geralmente longos vestidos. 
g) Circus-Cabaret-Vaudeville - Um tipo de visual apreciado por deathrockers, mas também presente nas outras tendências. Temos o uso de indumentária e maquiagem de Cabaret ou Circo estilizada, como se estivéssemos em  um teatro de Vaudeville

Subcultura Gótica

Então leitores que acompanham o Espaço Livre,sei que fiquei muito tempo afastada mas agora juro entrar mais para trazer novos assuntos para vocês ok? E hoje já vou começando com o seguinte assunto: Subcultura Gótica.Não sou gótica até porque é meio crítico você ser um justamente no Brasil (risos) porém aprecio muito a cultura,aqui eu sempre coloco MINHA visão sobre o tema,já falando para evitar conflitos kkk mas enfim chega de enrolar e vamos começar ;D.
Decidi começar explicando o significado geral de ''Gótico'' quando as pessoas ouvem esta palavra pensam no estilo,achando que ser gótico é só se vestir de preto,usar maquiagens pesadas e frequentar o cemitério,mas a verdade não é bem essa,Gótico é cultura,ou melhor uma Subcultura que tem toda sua ideologia e seus princípios.Mas o que seria uma Subcultura( no caso uma subcultura urbana)?
Temos um cenário no qual a cultura das zonas urbanas industrializadas tende a perder características locais e a adotar características de uma cultura global economificada: a cultura da sociedade de consumo contemporânea. Neste contexto, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), começam a surgir algumas subculturas urbanas, como os Beats, Rockers, Mods, Skinheads, Hippies, Glam-Rockers, Punks, Góticos, etc.Ou seja o termo subcultura neste caso é usado no sentido de um grupamento social relativamente independente, dentro de um outro grupamento cultural dominante.De fato, as subculturas, em seu microcosmo mais integrado, reproduzem de uma forma mais flexível as estruturas de culturas tradicionais das sociedades integradas do passado, mas com a vantagem de você poder entrar e sair dela e questioná-la ou construir criativamente comportamentos desviantes.As subculturas hoje se estendem pelo mundo todo, sem que necessariamente um indivíduo dependa de uma "liderança" ou "grupo" local para mediar sua participação subcultural. Esse processo se torna mais notável nas subculturas substanciais e de longa duração, como a Gótica.Subculturas  hoje, e já há algum tempo, são fenômenos que não estão restritos no espaço. Exemplo : Os Góticos de países diferentes provavelmente encontrarão mais em comum entre si do que com seus vizinhos nos seus respectivos bairros.Em geral nos referimos a uma Subcultura como  algo ''dentro'' de uma sociedade diferente.
Suas características :Como toda subcultura (e cultura) moderna, a subcultura Gótica "roubou" quase todos seus artefatos e símbolos de outros sistemas estéticos e simbólicos, montando um novo sistema seu, no qual estes elementos reapropriados são resignificados.Irei desenvolver aqui a descrição feita na pesquisa sobre a subcultura Gótica Inglesa realizada pelo cientista social Paul Hodkinson.
Hodkinson dividiu didaticamente as características principais em três grandes grupos: (a)o obscuro e o macabro, (b)o feminino e o ambíguo e (c)elementos de outras subculturas. Depois faz comparações ao longo dos 20 anos de história da subcultura Gótica até o final da sua pesquisa (aproximadamente 1980-2000). Apresentação dos três tipos de grupos :
a) O Sombrio e o Macabro
Nem tudo que é obscuro e/ou macabro se insere no repertório e sensibilidade da subcultura Gótica mas, em relação com os demais elementos subculturais, o obscuro e o macabro são elementos essencias nesta subcultura. Todavia a forma como Góticos e Darkwavers abordam o obscuro e o macabro obviamente difere da forma como outras subculturas e o mainstream desenvolvem estes temas.Observando os Góticos desde a década de 80 até 2007, percebemos, apesar das atualizações de visual e repertório, e variações de ênfase, que alguns elementos estéticos permanecem quase imutáveis: a preferência por uma estética inspirada em filmes ou peças expressionistas, misturada a elementos circenses, de cabaret, vitorianos, glam e de filmes noir, sejam, policiais ou ficção científica. Temos também a recorrência de faces maquiadas de forma semelhante ao cinema expressionista ou teatro butoh, com faces esbranquiçadas e traços de preto alongados ao longo dos olhos. Costumamos ter uma attitude "camp" (ou "teatral auto-irônica") condizente com esta estética.
Na área da música, percebemos na subcultura Gótica uma variedade de estilos musicais que raras vezes encontramos em outras subculturas (geralmente organizadas em torno de um estilo musical e suas variações, das quais deriva seu nome, como o metal, o hip-hop, etc).Os vocais masculinos tendem a ter voz profunda e grave, ou entrecortada e sussurante. Os vocais femininos variam de fortes e mais agressivos.Se no começo dos anos 80 tínhamos o som Gótico mais baseado em guitarras, ao longo dos anos 90 se popularizam as tendências eletrônicas ligadas aos estilos genericamente chamados de "Darkwave" (um termo que tem várias interpretações). O fato é que hoje temos uma grande variedade de estilos musicais relacionados coerentemente ao Gótico. Mesmo bandas com sonoridade mais "dance" mantiveram algum tipo de tema obscuro, vocais profundos, letras sombrias e metafóricas e "poderosos acordes atmosféricos".
A forma como se vestem também é uma forma de discurso e comunicação públicos. Historicamente, a base do vestuário Gótico é preta, aceitando algumas cores como sobreposição. Quais cores e a quantidade delas é uma tendência interna que varia ao longo das décadas dentro da própria subcultura Gótica e em cada cena local. Por exemplo, no começo dos anos 80 temos uma variedade de cores devido à ainda recente força da estética New-Romantic e New Wave. Na passagem dos anos 80 para os 90 temos um predomínio do preto, e, no final dos anos 90, temos a volta de algumas cores antes até proibidas, como o verde limão e o rosa, usados em detalhes sobre o preto (devido a influência cyber goth, mas as tendências ligadas aos estilos batcave e deathrock também voltaram com força na sua sobreposição infernal de texturas, cores e materiais rasgados).A moda cinematográfica dos anos 90 focada no imaginário de horror gótico vitoriano exacerbou a característica das roupas de estilo vitoriano e seus babados,se tornando uma tendência forte a partir desta época. Se antes a temática vampírica já estava presente na estética da subcultura Gótica como um dos diversos cabides de seu armário, a exacerbação destes elementos levou a uma reação dentro da própria subcultura, contra o exagero no uso destes elementos, rejeitando quem levava tal temática muito a sério.No comportamento os Góticos tendem a ser bastante específicos na sua abordagem. Excessivo amuo ou declarações exageradas de "depressão" passaram a ser vistas de forma negativa por boa parte dos Góticos, como algo que seria uma invasão de comportamentos vindos da forma caricatural e preconceituosa como a sociedade vê os Góticos. A seriedade passou a ser vista como algo negativo dentro da subcultura Gótica, historicamente ligada ao humor-negro e atitude camp/ teatral, apesar da efetiva tragicidade lírica de muitas bandas.

B) O FEMININO E O AMBÍGUO
"Para esta ética de estética, eles (nt: Góticos) se distanciam de todo imaginário brutal que poderíamos encontrar entre certos grupos de metal extremo. No seio do meio Gótico, valoriza-se mais a feminilidade, a androginia e o espírito dandy." (Durafour).Inicialmente é preciso advertir que aqui nos referimos ao "feminino" como manifestações comportamentais, e não como gênero biológico ou opção sexual.Mais especificamente, sem realmente considerar estas categorias insignificantes, o gótico, desde o seu começo, se caracterizou pela predominância, tanto nos homens quanto nas mulheres, de tipos de estilos específicos que seriam normalmente associados com feminilidade."(Hodkinson, 2002).Desde os anos 80, estilos específicos de maquiagem, que tem sido lugar-comum desde os tempos da banda Bauhaus (1979-1983), permaneceram populares tanto para os homens quanto para as mulheres durante o final dos anos 1990 e ainda hoje em pleno século XXI.A quantidade de jóias prateadas espalhadas pelo corpo e roupas também permanece, tendo apenas aumentado em quantidade e variedade durante os anos 90, especialmente com a popularização dos piercings. Mas isso é um sintoma do aumento da tolerância dos costumes: se nos anos 80 bastavam dois brincos para um rapaz sofrer preconceito na rua e ser olhado com estranheza, ao longo dos anos 90 os brincos masculinos deixaram de ser sinônimo de homossexualidade e/ou ligações ilegais. Assim, Góticos e alternativos passaram a se esbaldar na quantidade de brincos, piercings e cores de cabelo, especialmente nas zonas urbanas e metrópoles, historicamente centros que irradiam mudanças de comportamento.Dentro desse contexto, se nos anos 80 o elemento de feminilidade era expresso de forma relativamente mais "discreta" no seio da subcultura Gótica, ao longo dos anos 90 ele passou a ser expresso sem nenhum pudor. Se antes o uso de meias arrastão por todo o corpo era restrito às bandas e aos mais ousados, nos anos 90 e até hoje se tornaram um lugar comum para ambos os sexos, assim como proliferou o uso de saias longas ou curtas para os homens, juntamente com o fetiche por adereços Sado-Masoquistas.
Curiosidade : No Brasil, é fácil compreender essas mudanças também no contexto das ruas: entre 1988-1992 (ou até o final dos anos 90 em alguns casos) Góticos saiam de casa "disfarçados de normal", deixando para fazer sua maquiagem e vestir roupas mais ousadas apenas nos banheiros ou calçadas de seus clubes, pelo simples motivo de que era muito perigoso usar um visual fora dos padrões nas ruas naquelas épocas. Era comum o preconceito, ameaças ou agressões de fato, provindas tanto de populares como de outros grupos subculturais que tem a homofobia e comportamentos rígidos em sua cartilha de comportamentos. Hoje isso ainda acontece, mas com menor freqüência.

Tipo Físico : Desde os anos 80 até hoje os tipos físicos mais "desejados" no seio da subcultura Gótica tendem a borrar os limites do "masculino" e "feminino", principalmente no visual masculino. Historicamente, rostos e corpos finos, esguios ou alongados são valorizados tanto para homens quanto para mulheres. Já no estilo de corpo mais "cheio" a capacidade de apresentar um vasto decote de seios abundantes (mesmo que impulsionados por corsets ultra apertados…) é valorizado entre as mulheres. Entre os homens, Robert Smith e Frank The Baptist são bos exemplos de "gordinhos fofos" que representam outro padrão estético comum.
Terminamos essa postagem com a seguinte frase:
" O gótico expressa o emocional, a beleza, o sobrenatural, o feminino, o poético, o teatral; e o industrial incorpora o masculino, a raiva, a agressividade, o barulhento, o científico, o tecnológico, o político. (...)" 
("Goth Chic", de Gavin Baddeley, pag 281, trad. de Amanda Orlando).
Fonte de pesquisa :http://www.gothicstation.com.br/subculturagotica.htm